|
Pedro Custódio (à direita), da Larvi, no transporte do Pitu |
Técnicos da Larvi, empresa parceira do projeto Aquiflora, recolheram nesta quarta-feira (15/1) na fazenda de piscicultura Lawrence, no município de Brejinho, mais 14 fêmeas do camarão Pitu (Macrobrachium Carcinus). Rigorosamente selecionadas, elas farão parte do grupo de matrizes reprodutoras que estão ajudando a repovoar a barragem de Umari, na Bacia do Rio Carmo - Oeste do Rio Grande do Norte. A espécie, em extinção, é um dos principais focos entre as metas do projeto que leva do selo Petrobras Ambiental.
O domínio das técnicas de manejo visando maior sobrevivência até o estágio de soltura do Pitu em ambiente natural é considerado um grande avanço para a equipe. No Nordeste, há registro de poucas tentativas nesse sentido - a maioria delas acabou sendo descontinuada ou perdeu força nos últimos anos, explica Anísio Neto, consultor em tecnologia de Aquacultura: "Hoje temos um modelo que já pode ser repetido em produções equilibradas, mas essa ainda é uma espécie pouco estudada e que ainda carece de muitos testes e experimentos para que possamos ter resultados mais expressivos".
Clique aqui e confira flashes da entrevista com os técnicos
Os testes de desenvolvimento da pós-larva em cativeiro estão sendo feitos no Centro de Piscicultura Lawrence, em Brejinho. A empresa é parceira de longa data da Agência Brasileira de Desenvolvimento Sócio-Ambiental (ABDA), que executa o Projeto Aquiflora. O local irá receber em pouco tempo laboratório e novos equipamentos voltados não só para o desenvolvimento do Macrobrachium carcinus, como também de espécies nativas de peixes do sertão que estão desaparecendo, como o Piau, curimatã, traíra e Acará-Açu.
|
Da esqueda para a direita, Elias Miguel (Diretor da Piscicultura Lawrence), Anísio Neto (Biólogo, Consultor da Larvi), Odilon Araújo (Engenheiro de Pesca, consultor da Larvi) e José Salim (Coordenador geral do projeto Aquiflora) discutem projeto de laboratório para espécies nativas |
A empolgação da equipe envolvida com os estudos do Pitu é visível, e os motivos são claros. Altamente territorial, predatória e até canibal, a espécie chegou a ser desacreditada algumas vezes para reprodução em cativeiro. Soma-se a isso, o fato do ciclo reprodutivo dessa espécie de camarão necessitar de diferentes níveis de salinidade, processo dominado em laboratório: "Foi complicado, mas achamos os parceiros certos e estamos cumprindo nossos objetivos", afirma o coordenador do Aquiflora, José Salim. "Já trabalhamos juntos há alguns anos e é uma parceria sempre produtiva, com resultados interessantes para todos", explica o diretor da Piscicultura Lawrence, Elias Miguel.
De acordo com o engenheiro de pesca da Larvi Aquacultura, Pedro Custódio, o grande desafio já foi vencido: "Já havíamos tentado reproduzir o Pitu em cativeiro com algumas experiências frustradas, quando a sobrevivência era muito pequena e nem se chegava ao estágio da pós-larva. As coisas foram evoluindo ao ponto de concluirmos esse estágio, e com isso já estamos repovoando junto com o Aquiflora reservatórios do estado. No sentido comercial, nosso próximo desafio é dominar o processo de engorda em cativeiro", explica.
O projeto Aquiflora é executado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Sócio-Ambiental (ABDA), com Patrocínio da Petrobras - selo Petrobras Ambiental e Governo Federal.
Por: Riccardo Carvalho - Jornalista profissional - MTE: 1.616 SRTE/RN